Mesmo antes de engravidar, a futura mamãe deverá planejar manter uma dieta equilibrada, favorecendo a concepção e um ambiente mais saudável para as primeiras etapas de desenvolvimento de seu bebê. Antes de acontecer o atraso menstrual, que é o primeiro sinal de gravidez, o embrião já se encontra em pleno desenvolvimento. Um bom suprimento de aporte vitamínicos e minerais nesta fase pode ser crucial para a boa formação de diversos órgãos do embrião, como o sistema nervoso central. Da mesma forma, a futura mamãe deverá se abster dos maus hábitos como o fumo e o uso de bebidas alcoólicas, que podem ser extremamente danosos pra o bebê.
Aqui estão algumas dicas que irão auxiliá-la a equilibrar sua dieta e tornar o seu corpo um “ninho”saudável para o seu bebê.
Ganho de Peso:
A mulher não deverá cair naquela antiga armadilha de que “estando grávida poderá comer por dois”. Sabemos que o ganho excessivo de peso na gestação pode contribuir para o aparecimento de algumas doenças como o diabetes gestacional e a hipertensão arterial, complicando a evolução da gravidez e oferecendo riscos tanto para a mãe, como para o feto. Somado a isto, a mulher terá maior dificuldade para alcançar o peso de antes da gravidez. Também, o ganho de peso insuficiente durante a gravidez poderá ser perigoso.
A variação ideal do ganho de peso durante a gravidez é de 10 a 14 Kg. No caso da gestante que se encontra acima do peso, esta variação deve se situar entre 7 e 11 Kg e nas situações em que a mulher estiver co baixo peso pré gestacional, o intervalo desejável é de 12 a 18 Kg.
Como a gestante deve se alimentar?
A gestante deve comer de maneira fracionada, ou seja, várias vezes ao dia. O ideal é que faça 6 refeições ao dia: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche da noite. A grávida deve evitar ficar sem comer por mais que 3 horas. Da mesma forma, a gestante deve beber líquidos com freqüência e elo menos 2 litros por dia.
Parece demasiado, porém, em cada refeição, a gestante deverá comer pequenas quantidades. Desta forma, a gestante e o bebê não passarão por períodos de hipoglicemia, o metabolismo materno ficará mais ativo e a gestante não ficará com muita fome para a próxima refeição. Assim, o controle do ganho de peso ficará mais fácil.
Para os lanches sugiro o consumo de frutas, sucos, queijos brancos, iogurtes e pequenos sanduíches, que não são muito calóricos e cumprem bem seu objetivo. Para o café da manhã, recomendo pão (de preferência os contendo fibras), pequena quantidade de manteiga/ margarina, leite desnatado, queijo e frutas. Para as refeições maiores como o almoço e jantar recomendo o consumo de folhas verdes (que contêm fibras que ajudam no funcionamento intestinal, ferro e acido fólico), legumes, arroz, feijão e uma porção de carne.
Evite o excesso de gorduras encontradas nas frituras e o excesso de carboidratos substituindo a massa pelo arroz ou a batata e vice versa. O uso de grãos integrais é o mais recomendado. Também prefira o azeite extra virgem aos óleos comuns de cozinha e use pouco sal.
O mesmo também é recomendado para as gestantes que apresentam enjôos, pois a dieta fracionada ajuda neste controle, fazendo com que o uso de medicações para náuseas seja reservado para os casos mais difíceis.
No total, a gestante deverá consumir apenas 300 Kcal a mais por dia. A quantidade de cada alimento será orientada na consulta medica, individualizando cada caso.
O que a gestante deverá evitar?
A gestante deve evitar consumir carnes cruas ou mal passadas, incluindo os peixes. A carne mal cozida, principalmente os miúdos (coração, moela, fígado) podem transmitir alguns parasitas como o da doença toxoplasmose, que se adquirida durante a gestação pode causar problemas na formação e desenvolvimento do bebê. O peixe cru ou mal cozido também pode transmitir alguns parasitas e bactérias.
Leite e derivados não pasteurizados e embutidos não previamente cozidos (presunto, salsichas) podem transmitir uma bactéria (Listeria) que pode provocar aborto, parto prematuro e doenças no bebê.
Os ovos podem transmitir Salmonella, portanto devem estar bem cozidos, com clara e gema firmes.
Chás de ervas podem parecer inócuos, mas sua segurança não está devidamente estudada na gravidez e alguns podem ser prejudiciais.
O uso de álcool deve ser abolido durante a gestação, mesmo em pequenas quantidades e mesmo que eventual. O álcool pode causar danos ao feto como retardo mental e distúrbios de comportamento, não sendo seguro o seu uso na gestação.
Uso de complementos vitamínicos na antes e durante a gravidez:
Para as mulheres que estão planejando uma gravidez, recomendo a suplementação de 0,4 a 0,6 mg de ácido fólico para prevenir alguns distúrbios de formação do sistema nervoso central do bebê, o que acontece muito precocemente na gestação, às vezes, ainda antes da mulher saber que está grávida. Este suplemento deverá ser mantido durante a gestação. É comum indicarmos a suplementação com ferro para prevenir a anemia na gestação e a sua quantidade vai ser calculada através dos resultados dos exames de sangue. Geralmente, indico suplementos acrescidos de vitaminas e sais minerais, porém cada caso deverá ser individualizado.
Dra. Marília Pinheiro Nogueira
Ginecologista e Obstetra